Batistas acreditam na autonomia da igreja local

“‘Eu sou o Alfa e o Ômega’, diz o Senhor Deus, ‘o que é, o que era e o que há de vir, o Todo-Poderoso’. Escreva num livro o que você vê e envie a estas sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia”.
Apocalipse 1.8 e 11

O que significa ser uma igreja independente? A palavra “autonomia” vem de duas palavras gregas que significam “eu” e “lei”. Autônomo significa auto-governo e auto-direção. Claro que a igreja não é absolutamente autônoma porque ela deve sempre reconhecer o controle e autoridade de Jesus como Senhor.

A autonomia da igreja batista
Cada igreja batista é autônoma. Ser uma igreja autônoma é uma grande parte do que significa ser uma igreja batista. Batistas usam o termo igreja para se referir a uma congegação local de crentes batizados e não para se referir à denominação batista como um todo. Assim, usar o termo “A igreja batista” é errado para se referir à denominação batista em geral. Cada congregação local é autônoma, então não existe tal coisa como “A igreja batista.”

Autonomia significa que cada igreja batista, dentre outras coisas, escolhe sua liderança pastoral, determina seu estilo de adoração, decide suas questões financeiras e outros assuntos da igreja sem que haja interferência ou controle externo. Organizações denominacionais batistas, como associações de igrejas e convenções nacional e estaduais não tem autoridade alguma sobre a igreja batista. Se alguma dessas organizações tentar exercer controle sobre uma igreja específica, ela estará violando a convicção batista a respeito de goevrno da igreja.

Sendo autônoma, a igreja batista não reconhece nenhum controle governamental sobre a fé e práticas religiosas. Apesar das igrejas batistas obedecerem leis e governos no que se refere a certos assuntos, elas se recusam a reconhecer a autoridade do governo em assuntos de doutrina, política interna e ministério (Mateus 22.21). Batistas tem consistentemente rejeitado os esforços de qualquer entidade do governo secular de ditar o que a igreja deve acreditar, como adorar ou quem deve ou não ser membro. Tal recusa de se dobrar às exergiências dos governos custou caro aos batistas.

Batistas também rejeitaram a prática de algumas denominações, de permitir que autoridades denominacionais dissessem no que as congregações locais deveriam acreditar e como deveriam adorar. Batistas insistem que não há autoridade humana sobra e igreja batista. Somente Jesus é o Senhor da igreja.

Ameaças à autonomia da Igreja Batista nos Estados Unidos parecem vir mais de dentro da denominação batista do que do governo ou de outros grupos religiosos. Em alguns casos, associações e convenções batistas são vistos pelos batistas como tendo algum tipo de autoridade sobre igrejas.

Isto pode ser devido à confusão da relação adequada dessas entidades com as igrejas. Associações e convenções são uma parte vital da vida denominacional Batista e contribuem muito para com os esforços batistas de fazer discípulos maduros para Jeus Cristo e ministrar às pessoas em Seu nome. No entanto, eles não têm autoridade sobre as igrejas locais. Cada igreja pode escolher se relacionar com essas outras entidades, batistas ou não, dependendo da vontade da congregação.

A insistência dos batistas sobre a autonomia resultou em mal-entendidos, críticas e até mesmo perseguição. Os governos puniram batistas como traidoress e algumas denominações já condenaram os batistas como hereges. Existem muitas outras formas de governo da igreja, e autonomia congregacional é praticado por uma minoria de denominações cristãs. Por que então os Batistas insistem na autonomia das igrejas?

A base bíblica da autonomia da igreja local
A autonomia da igreja não é um assunto periférico para as crenças batistas. Ela repousa nas convicções fundamentais. Nenhuma outra forma de governo é coerente com o conjunto de crenças e práticas batista.

A Bíblia é a autoridade de fé e prática para os batistas e os batistas crêem que a Bíblia apoia a autonomia da igreja local. Nos tempos do Novo Testamento cada congregação de cristãos era autônoma. Cada uma era uma entidade separada sob o senhorio de Cristo. Se relacionavam umas com as outras em comunhão, mas nenhum indivíduo ou grupo exercia autoridade sobre as congregações.

No novo Testamento, os capítulos dois e três de Apocalipse indicam que cada uma das sete igrejas na Ásia Menor as quais o livro de Apocalipse foi direcionado, existia como entidade única e separada e estava sob a autoridade apenas de Jesus Cristo. O Cristo ressurreto e glorificado dava a direção às igrejas.

As igrejas no tempo do Novo Testamento selecionavam de dentro da sua própria membresia pessoas para cuidar das necessidades físicas dos membros (Atos 6.3-6), determinavam quem deveria ser comissionado para ministérios específicos (Atos 13.1-3) e disciplinavam seus próprios membros (Mateus 18.15-17; I Coríntios 5.1-13). Cada uma dessas ações era tomada sob o senhorio de Cristo e orientação do Espírito Santo, sem nenhuma direção ou controle externo. Líderes espirituais como Paulo, contavam com a persusão e exemplo e não em ordens ditatoriais quando escreviam às igrejas do Novo Testamento.

Além disso, os cristãos no Novo Testamento resistiram aos esforços do governo e autoridades religiosas de tentar impor crenças e práticas religiosas (Atos 4.18-20; 5.29). Os primeiros cristãos insistiram na autonomia da igreja tanto em realação às autoridades seculares quanto às religiosas.

Outras convicções batistas bíblicas e autonomia da igreja
A autonomia da igreja é apoiada por outras convicções bíblicas dos batistas. Por exemplo, o senhorio de Cristo, uma crença preciosa para os batistas, está relacionada com a autonomia. Cristo é o Senhor de todas as pessoas e todas as igrejas. Jesus, e não um indivíduo ou grupo tem que exercer domínio. Seu senhorio sobre a Igreja é exercido através dos membros da igreja que confiaram e o seguiram como Senhor (Efésios 4: 1-16).

Os nascidos de novo se reúnem voluntariamente em grupos e formam igrejas. A Bíblia diz que somente aqueles que nasceram de novo podem ser membros de igrejas (Atos 2:47). Eles foram salvos pela fé no dom da graça de Deus da salvação em Cristo, e por isso são todos iguais espiritualmente (Romanos 5: 1-2; Efésios 2: 8-9). Como tal, nenhum indivíduo ou grupo dentro ou fora da igreja deve reinar sobre um outro indivíduo ou igreja (1 Pedro 5: 3).

Deus dotou cada pessoa de liberdade para conhecer e seguir vontade de Deus. Além disso, cada pessoa que acredita em Jesus como Salvador e Senhor se torna um sacerdote cristão (I pedro 2.9) com acesso direto a Deus. Não há necessidade de nenhum intermediário, como um pastor (Hebreus 9.11-14; 10.21). Cada crente tem a responsabilidade de exercer o sacerdócio com responsabilidade. Parte dessa responsabilidade é se relacionar uns com os outros em comunhão amorosa na igreja e participar da administração dela, buscando a vontade de Deus por meio da leitura das Escrituras, oração e orientação do Espírito Santo.

Assim como todos os membros da congregação devem ter voz igual nas decisões da igreja, todas as igrejas são também espiritualmente iguais em relação às outras. Nenuma igreja ou organização de igrejas é superior a outra. Nenhuma tem autoridade sobre a outra. Em outras palavras, cada igreja deve ser autônoma.

Governo congregacional da igreja e a autonomia da igreja andam de mãos dadas. Um não existe sem o outro. Se os indivíduos ou grupos de fora da congregação exercem controle sobre ela, não há autonomia da igreja e não há governo congregacional.

Conclusão
Apesar de existirem desafios associados com a autonomia da igreja local, é um conceito bíblico fundamental que é uma parte vital da identidade Batista e vale a pena preservar e fortalecer. O próximo artigo vai falar sobre isso.

“Cada igreja é sempre livre e independente de todo e qualquer poder eclesiástico formado por homens nesta terra, cada uma sendo morada livre de Cristo.”
Bill of Inalienable Rights ​​(Declaração de direitos inalienáveis), Art. 1 of a UBA, 08 de outubro de 1840